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sábado, 31 de dezembro de 2016

A Chegada - Um filme para a história



Existe um seleto grupo de filmes de ficção-científica, dos quais fazem parte, 2001-Uma Odisseia no Espaço, Contato, Blade Runner e Interestelar. E agora, com mérito, podemos incluir A Chegada: um presente do profícuo diretor canadense Denis Villeneuve. Diretor que carrega na sua bagagem o talento que poucos tem, e já começa a escrever o seu nome a partir de filmes como: Incêndios, Os Suspeitos, Sicário e O Homem Duplicado. Engajado minuciosamente em cada componente para que a engrenagem funcione de forma harmoniosa e assim proporcionar ao público uma experiência única no cinema, Villeneuve alcança o seu objetivo com seu novo filme. Uma observação: o filme segue grande parte em ritmo lento e durante a sua projeção no cinema notei um silêncio sepulcral da plateia, concentrada e atônica com a trama.
Subitamente, num dia qualquer, 12 naves pousam na terra em diferentes pontos aleatórios do planeta. Ninguém sabe o motivo e reais intenções dos "visitantes", o que causa um certo furor na população mundial. Coordenado pelas forças armadas, o núcleo americano convoca um matemático e uma linguística para ajudar na comunicação entre os humanos e os alienígenas, e é aí que entram em cena Ian Donnelly (Jeremy Renner) e a Dra. Louise Banks (Amy Adams). Amy está fabulosa, e empresta humanismo e dedicação para tentar desvendar a real mensagens dos ET´s. Comunicação, por sinal, é a linha que segue o filme, uma linha diferente da tradicional que no final irá fechar o círculo de raciocínio. Louise vive o presente com pensamentos em um passado que guarda um trauma, e Ian, mais racional, busca respostas para a ciência. Ambos sabem do peso que caem sobre seus ombros, pois uma interpretação equivocada pode desencadear más consequências, ainda mais pressionados pelo imediatismo exigido pelas autoridades, temerárias por um iminente conflito.

São nos detalhes que o filme é explicado. Curta a atmosfera tensa, que só faz crescer através do flerte com o desconhecido. A façanha de A Chegada transcende o próprio filme e rende diversas interpretações a diversos grupos. Mas, como mensagem maior mostra que o caos e o desentendimento são coisas da natureza humana, que é incapaz de lidar com diferentes ideais, e isso é refletido nos noticiários diários que abordam a intolerância entre as raças.
Com certeza o melhor filme do ano que terá comentários ecoando por muito tempo após a sessão, corram para o cinema!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O "cara" do cinema argentino - Ricardo Darín

Após assistir a mais um filme Argentino estrelado por Ricardo Darín (A Aura), resolvi escrever sobre esse ator que se confunde com o próprio cinema porteño. Se a Argentina já celebrou o cantor de tango Carlos Gardel, o jogador Maradona e Evita Peron, porque não incluí-lo nesta lista? Bem, apesar de outros ótimos filmes argentinos (Plata queimada, O abraço partido, Medianeras,,...) surgirem, Ricardo Darín está presente em muitos e recebe uma divulgação melhor, além de não deixar a qualidade cair em quase todos. A partir de bons roteiros retirados de situações por vezes cotidiana, são extraídas boas histórias. São inúmeros filmes, e aqui vou citar somente alguns da minha lista que assisti que vai servir de aperitivo para mais outros que podem ser descobertos.


A Aura


Triller psicológico que conta a história de Esteban Espinosa (Ricardo Darín), taxidermista meticuloso que passa os dias isolado em sua oficina. Por trás da sua vida pacata, Espinosa tem um grande sonho de poder planeja e praticar o crime perfeito. Em uma viagem junto com seu amigo à Patagônia, com o objetivo de caçar, acidentalmente Espinosa se envolve em um crime. A partir daí uma troca de identidade e a possibilidade de realizar seu desejo se torna possível, mas com isso ele flerta com o perigo iminente ao se envolver cada vez mais com as pessoas erradas. O ritmo por vezes lento com poucos diálogos não deixa de prender a atenção, vale a pena.

Disponível em: 
Nove Rainhas


Um dos primeiros dos seus filmes a fazer sucesso fora da Argentina e também o primeiro que vi deste ator. Recebeu uma versão americana chamada de 171, mas esqueçam, vejam o original. Marcos (Ricardo Darín) e Juan (Gastón Pauls) são dois picaretas que estão prestes a dar o golpe de suas vidas. Resolvem se unir para participar de uma negociação milionária, envolvendo uma série de selos conhecidos como "Nove Rainhas". Um milionário espanhol está interessado em comprar a série, mas como deixará a cidade ao amanhecer o negócio precisa ser realizado imediatamente. Imprevisível e divertido, uma grande surpresa.


Sétimo


Este suspense não é unanimidade no currículo de Darín, mas com sua curta duração e um clima de mistério deve angariar adeptos. Todos os dias, Sebastián (Ricardo Darín) e seus dois filhos, Luna (Charo Dolz Doval) e Luca (Abel Dolz Doval) fazem a mesma brincadeira. Eles apostam quem vai do sétimo andar ao térreo de forma mais rápida: o pai, no elevador, ou as crianças, de escada. Sebastián sempre ganha o jogo, mas quando, um dia, seus filhos desaparecem durante a "corrida", sem deixar pistas, ele não vai medir esforços para recuperá-los.

O Segredo dos Seus Olhos


Este sim "o filme" de Darín e do cinema contemporâneo argentino. Oscar de melhor filme em 2010, um filmaço, que também teve recentemente uma versão americana estrelada por Julia Roberts. Vou dizer aqui com toda franqueza: não assistam a versão americana primeiro, isso não é discurso de crítico, mas sim, a oportunidade de curtir a melhor versão sem saber o final. Como de costume vou ser lacônico para não dizer muito sobre o filme e estragar surpresas. Ricardo Darín é Benjamim aposentado recentemente do cargo de oficial de justiça de um tribunal penal. Ele agora se dedica a escrever um livro. Benjamin usa sua experiência para contar uma história trágica, a qual foi testemunha em 1974. Na época o Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar o estupro e consequente assassinato de uma bela jovem. É desta forma que Benjamin conhece Ricardo Morales (Pablo Rago), marido da falecida, a quem promete ajudar a encontrar o culpado. Para tanto ele conta com a ajuda de Pablo Sandoval (Guillermo Francella), seu grande amigo, e com Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe imediata, por quem nutre uma paixão secreta. Como "O Paciente Inglês", duas ótimas histórias em paralelas ligadas a mesma trama, não percam!

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Tese Sobre um Homicídio


Tem para todos os gostos: neste aqui, um filme policial num cenário acadêmico, com um professor de Direito Criminal investigando. Roberto Bermudez (Ricardo Darín) é um especialista em Direito Criminal que ministra um curso bastante reconhecido. Uma nova turma está prestes a iniciar as aulas e entre os alunos está Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um velho conhecido do professor. Gonzalo trata Roberto como um verdadeiro ídolo, o que incomoda o mestre. Já com as aulas em pleno andamento, um brutal assassinato ocorre perto da universidade. Roberto logo demonstra interesse no caso e, ao investigar os detalhes, passa a crer que um dos seus alunos seja o autor do crime e esteja desafiando-o a um jogo de inteligência.

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Um Conto Chinês



O escritor russo Leon Tolstói citou “Não há grandeza quando não há simplicidade.” Pois é esta palavra que tiramos deste singelo filme: simplicidade. Roberto  (Ricardo Darín) é um argentino recluso e mau humorado. Ele leva a vida cuidando de uma pequena loja e tem o hobbie de colecionar notícias incomuns. A comodidade de sua vida é interrompida quando ele encontra um chinês (Ignacio Huang) que não fala uma palavra de espanhol. O imigrante acabara de ser assaltado e não tem lugar para ficar em Buenos Aires. Inicialmente relutante, Roberto acaba deixando o asiático viver com ele e aos poucos uma amizade improvável vai se construindo. Um filme leve e agradável de assistir que mostra que na simplicidade da vida deixamos passar bem na nossa frente grandes momentos.

Elefante Branco



O padre Julián (Ricardo Darín) e o padre Nicolás (Jérémie Renier) trabalham ajudando os menos favorecidos na favela de Villa Virgen, periferia de Buenos Aires. O local é um antro de violência e miséria. A polícia corrupta e os próprios sacerdotes da Igreja nada fazem para mudar essa realidade e os dois clérigos terão de por suas próprias vidas em risco para continuar do lado dos mais pobres. Retrata a miséria argentina, por vezes cenários e situações bem parecidas das que encontramos aqui no Brasil.

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Julieta / A Garota no Trem - Mulheres em alta

Desta vez vou falar de dois filmes que assisti recentemente: o primeiro em casa, Julieta, e o segundo no cinema, A Garota no Trem. Me chamou a atenção que em ambos as protagonistas são mulheres e o elenco de apoio idem, e todas exercendo papeis marcantes nas tramas.

Julieta, a história de uma mulher

Disponível em: PlayStation.StoreLooke e NOW
Julieta é o mais novo trabalho de Pedro Almodóvar, cineasta espanhol no qual sou fã. Para citar os seus grandes trabalhos temos: MatadorFale com ElaCarne TrêmulaA Pele que Habito e Tudo Sobre Minha mãe, quase todos com as mulheres em evidência, a sua marca registrada.

Este último pode não ser um dos seus melhores, mas não deixa de ser uma obra diferenciada e charmosa. A música flertando com thrillers de suspense, as cores, as locações, tudo é milimetricamente encaixado. A vida de Julieta (Emma Suárez e Adriana Ugarte) é mostrada em dois momentos, quando ela era mais jovem e depois com meia idade. O filme inicia com uma mulher interrompendo planos com o namorado após um encontro fortuito na rua com Beatriz, amiga da sua filha. Num piscar de olhos somos levados para seu passado, a fim de explicar a origem de toda trama. Presente e passado se intercalam em uma natural harmonia que parece que somos transportados para cada tempo. Almodóvar foge do habitual e do obvio quando move o filme por caminhos menos tradicionais, fugindo dos clichês. Um filme para se contemplar nos detalhes, porque são neles que muitas coisas são explicadas. Apesar de ser uma obra que não figurará nos seus melhores trabalhos, não deixa de ser um belíssimo filme e reafirma o seu talento na condução de sentimentos femininos. 

Emily Blunt - a procura da felicidade
Disponível em: cinemas

Ainda em cartaz no cinema está A Garota no Trem. Confesso que fiquei bem interessado nesta trama que se baseia no livro sucesso de mesmo nome escrito por Paula Hawkins. Além de contar com a inglesa do momento, Emily Blunt, que está no imperdível Sicário

Emily é Rachel, alcoólatra e deprimida que sofre de um divórcio recente. Todos os dias ela viaja de trem e fica fantasiando sobre a vida de um jovem casal que ela vigia pela janela. Porém, certo dia algo de anormal é presenciado por Rachel e daí então realidade e delírio se confundem em uma trama policial. O filme percorre o ponto de vista de três mulheres Rachel (Emily Blunt), Megan (Haley Bennett), uma recém-casada que mora ao lado da ferrovia e por fim temos Anna (Rebecca Ferguson). Todas de alguma forma estão ligadas e carregam um fardo do passado. A condução é liderada por Emily Blunt, que dá um ar realista ao sofrimento e alcoolismo de Rachel, mostrando todas as fraquezas que uma pessoa passa ao conviver com esses problemas. Achei o uso de flashbacks excessivos e senti também a falta de uma direção mais firme no suspense. Contudo, vale sim o ingresso e o programa, para tentar desvendar o mistério e se contemplar com o elenco feminino que decola, deixando os homens como meros coadjuvantes.  

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Massacre de Guernica - Filme e pintura juntos

O pintor Pablo Picasso criou uma das suas obras mais emblemáticas para mostrar as atrocidades do bombardeio alemão à cidade espanhola de Guernica em 1937 durante a guerra civil espanhola. Um ataque covarde que durou 4 horas e vitimou cerca de 1.500 desta singela cidade. O painel se chama Guernica e hoje se encontra no museu de Madri. 


Gernika de Pablo Picasso
 
O filme de mesmo nome foca na relação entre Henry (James D´arcy), correspondente americano desiludido com a profissão e Teresa (Maria Valverde), que trabalha para a República e é encarregada de supervisionar as notícias que os jornalistas podem ou não enviar ao exterior. O jornal se opõe aos nacionalistas a serviço do general Francisco Franco.

Desde a primeira cena a presença marcante da atriz Maria Valverde se destaca, e possivelmente iremos vê-la em novas produções. Uma personagem forte com sentimentos reprimidos que encontra uma saída no bem-sucedido e cínico escritor Henry. 


Maria Valverde e James D´arcy - amor nas trincheiras
Uma história de amor durante um evento marcante da história, que ainda mostra um pouco do dia a dia da imprensa no trabalho de cobertura de uma guerra, com toda a dificuldade da época e a exposição aos riscos que passavam. Um ótimo filme que se apoia na história e na arte, e por que não criando a sua própria arte também!

Voltando ao quadro, existem algumas curiosidades sobre ele, segue uma delas. Enquanto morava em Paris, Picasso sofreu uma revista no seu apartamento por um oficial nazista que perguntou ao artista: - Foi você quem fez isso? E Picasso responde: - Não, vocês o fizeram. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Achados do NETFLIX - Parte 3 - Estrangeiros


Que tal sair da zona de conforto dos filmes americanos e abrir a mente para novas culturas cinematográficas? Segue uma lista de filmes não-americanos que são grandes surpresas. Tem um para cada país, inclusive inclui o Brasil, com um filme que também foge do comum do que vemos nos cinemas.



A Onda (Alemanha)



Em uma escola da Alemanha o professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre autocracia. Aí então ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula, que os alunos dão nome de "A Onda". Mas, o que ele não esperava é que a situação saísse do controle, pois o movimento extrapola a sala de aula e envolve de forma intensa os alunos. Muito interessante este filme que se baseia em um caso real ocorrido em uma escola estadunidense. O experimento de como uma manipulação em massa pode ocorre guiada por um ditador, pode ser traumatizante e sucumbir nas piores consequências.

A Pele que Habito (Espanha)



Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico obcecado por criar uma pele artificial perfeita após a morte trágica de sua esposa por queimaduras decorridas de um acidente. Ele vive com a filha Norma (Bianca Suárez), que possui problemas psicológicos causados por este trauma familiar. O diretor Pedro Almodovar imprime um clima de mistério e tensão neste thriller com cara de Hitchcock e é capaz de mostrar um quão drástico e bizarro pode ser uma vingança. Não tem como esquecer a resolução desta trama que não sairá da cabeça do espectador tão cedo.

Amores brutos (México)


Em plena Cidade do México, um terrível acidente automobilístico ocorre. A partir deste momento, três pessoas envolvidas no acidente se encontram e têm suas vidas mudadas para sempre. Um deles é o adolescente Octavio (Gael García Bernal), que decidiu fugir com a mulher de seu irmão, Susana (Vanessa Bauche). Ao mesmo tempo, Daniel (Álvaro Guerrero) resolve abandonar sua esposa e filhas para ir viver com Valeria (Goya Toledo), uma bela modelo por quem está apaixonado. Também se envolve no acidente Chivo (Emilio Echevarría), um ex-guerrilheiro comunista que agora atua como matador de aluguel, após passar vários anos preso. Neste excelente filme, temos o astro mexicano Gael Garcia ainda em início de carreira e abrindo suas portas para o cinema mundial. Quem chamou a atenção também foi o diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu (Babel, O Regresso, Birdman e 21 Gramas) que depois deste filme começou uma profícua carreira em Hollywood. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Apenas uma vez (Irlanda)


Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (Markéta Inglová), que tenta ainda se encontrar na cidade. Logo eles se aproximam e, ao reconhecer o talento um do outro, começam a ajudar-se mutuamente para que seus sonhos se tornem realidade. Um filme singelo e sincero delicioso de assistir, que tem ponto alto em suas canções. Não tem como não se sensibilizar com a relação madura e simples dos protagonistas, mostrando que não precisamos de tanto para realizar prazerosos filmes. Uma ótima descoberta!


Intocáveis (França)


Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos a amizade entre eles se estabelece, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro. Talvez seja pelos estereótipos dos personagens ou pelo contexto que poderia ser apelativo. Mas, o tom humanizado dos personagens que se mantém politicamente incorretos do início ao fim e as deficiências de cada um (social em um caso, física no outro) servem para torná-los semelhantes e complementares. Sucesso na França e no resto do mundo este filme divide opiniões de telespectadores por conter um humor ríspido, mas merece ser visto, com certeza.


Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Inglaterra)



Eddy (Nick Moran) é famoso por sua habilidade nas cartas desde criança. Ele e seus três amigos, Soap (Dexter Fletcher), Tom (Jason Flemyng) e Bacon (Jason Statham), resolvem colocar cada um a quantia de 25 mil libras para que Eddy possa participar de uma partida de cartas ilegal, organizada por Hatched Harry (P.H. Moriarty). Só que Eddy, além de não se sair bem na partida, termina devendo 500 mil libras para Harry. Caso não pague a quantia em uma semana, ele perderá os dedos da mão, um a um. Na época apenas um estreante, o diretor (Guy Ritchie) do também ótimo "Snatch - Porcos e Diamantes", contando com um ótimo roteiro e direção imprime ação e comédia em ritmo frenético sem pausa. Segue um pouco dos polêmicos e bem-sucedidos, Transporting (Danny Boyle) e Pulp Fiction e Cães de Aluguel, ambos de Quentin Tarantino. Não perca tempo, veja!


Old Boy (Corea do Sul)


Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, que de repente se vê em uma prisão sem motivo aparente onde passa 15 anos. Desorientado e sedento de vingança ele luta para descobrir a razão pela qual foi preso, e a pratir daí surge uma caçada ao seu algoz. O filme começa de forma despretensiosa e até alguns momentos soa confuso, mas não desista, pois, a medida que o tempo passa as peças vão se encaixando e aí começamos a entender o porquê de todo o martírio pelo qual Dae-Sun teve que passar.


Paraísos Artificiais (Brasil)


Erika (Nathalia Dill) é uma DJ de relativo sucesso e muito amiga de Lara (Lívia de Bueno). Juntas, durante um festival de música onde Erika trabalhava, elas conheceram Nando (Luca Bianchi) e, juntos, vivem um momento intenso.  A trama é entrelaçada e circula por diversas locações e tempo. Uma história de amor ligada pelo envolvimento de jovens de classe média com entorpecentes, uma infeliz realidade nos dias de hoje. Uma ótima descoberta do cinema nacional, que persiste muito nas comédias para atrair o público aos cinemas, inclusive com inúmeras sequencias. Gosto e sou a favor de quase todos os tipos de filmes, mas sair da mesmice e contar uma ficção diferente já é uma grande conquista.



A Caça (Dinamarca)



Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia ele é acusado de molestar uma criança de apenas cinco anos. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive. Apesar do tema forte o filme não mostra em nenhum momento cenas que possam deixar o espectador chocado. Entra em cena, um clima de tensão crescente e um iminente desfecho trágico em uma pequena comunidade que até um tempo atrás vivia numa imensidão de tranquilidade. Por mais que por um lado seja revoltante, por outro é perfeitamente compreensível. A consagração de um diretor (Thomas Viterberg) que iniciou no movimento Dogma com Festa de Família. Um filmaço!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Decisão de Risco x Máxima precisão - Filmes parecidos

Não é de hoje que nos deparamos com filmes bem similares, vide Impacto Profundo x Armageddon, Planeta Vermelho x Missão: Marte, Ed tv x O show de Truman e O inferno de Dante x Volcano: a fúria, dentre outros . Geralmente surgem em um ínterim curto. As últimas clonagens que assistir foram "Decisão de Risco" e "Máxima precisão", filmes de 2016 e 2015, respectivamente. Em "Decisão de Risco" Helen Mirren é a Coronel Powell que comanda uma operação, através de drones, para capturar dois britânicos que integram uma célula do grupo terrorista Somália, Al-Shabaab, existente naquele país da África Oriental. A operação envolve pessoas distantes geograficamente, como o piloto Watts (Aaron Paul) em um contêiner em Las Vegas, o general Frank Berson (Alan Rickman) que está em um escritório em Londres, além de Power que está em uma espécie de Bunker militar. Como se não bastasse o seu alvo está a milhares de quilômetros, na Somália. Mas, do decorrer da missão, surge uma decisão a ser tomada durante o ataque que envolve um possível risco de atingir civis. Diplomacia, emoção e razão são confrontadas gerando um suspense que corre até o final do filme.




Decisão de Risco - Helen Mirrem com autoridade

O segundo, "Máxima precisão", um drama eficiente estrelado por Ethan Hawke. Neste o major Tommy (Hawke) é um oficial da Força Aérea americana encarregado de dirigir ataques aéreos na guerra do Afeganistão. Tommy, que se sente frustrado em não pilotar mais aviões, tem que se contentar em ficar em uma sala controlando drones remotamente sem questionar ordens. Apesar de exercer uma profissão tensa que lida com vidas, o ex piloto tenta levar uma vida normal com sua esposa e filhos, após cumprir seu expediente. Mas, quando ele começa a entrar em conflito interno por causa das suas ações oriundas de decisões duvidosas, a sua vida familiar começa a desmoronar.

Máxima Precisão - Guerra em escritório

Gostei de todos os dois filmes e eles igualmente levantam questões polêmicas e morais sobre como a guerra é conduzida nos dias hoje. Uma guerra diferente onde as ações partem de pequenas salas climatizadas bem longe dos seus alvos. Ao invés de pilotos altamente treinados, entram em cena profissionais com bem menos experiência que através de joystick controlam seus "aviõezinhos", como se fosse um vídeo game. Mas aí é que entra o debate, pois daquelas ações frias executadas com simples movimentos vidas são dilaceradas como um alvo qualquer. Num ambiente altamente vigiados as ações são transmitidas ao vivo em telas grandes de alta definição. Em um momento de suplício querendo voltar para a ação pilotando um avião de verdade, Tommy diz ao seu superior que o maior risco que ele corre é poder ter uma lesão na mão por repetição de movimento ou sofrer um acidente automobilístico na autoestrada que o leva a seu trabalho.

É notório que cada vez mais os países desenvolvidos evitam mandar tropas para ações terrestres ou aéreas em áreas de conflitos, e se utilizam da tecnologia para se esquivar dos riscos. Além disso, tem o clamor da população que já não aguentava mais receber caixões com jovens soldados retornando, como o que aconteceu com os soldados americanos no Iraque e Afeganistão. Não se trata de ficção, é a realidade atual, e retratada em bons filmes que levantam a polêmica, mas, no final, quem decide de que lado quer ficar é o próprio espectador, bom filme!



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Memórias Secretas - Dica lançamento NETFLIX

Christopher Plummer e Martin Landau, trabalho em equipe

Em Memórias Secretas (Remember), Zev (Christopher Plummer) e Max Zucker (Martin Landau) promovem uma caçada ao seu algoz do campo de concentração de Auschwitz. Mas não uma caçada do tipo filmes de ação, mas sim em ritmo lento pois seus protagonistas são octogenários e vivem em um asilo até o momento de iniciada a busca. Max, judeu sobrevivente de campo de concentração, é o arquiteto e cérebro de um plano bem bolado para capturar um antigo oficial da SS nazista. Já Zev é o executor, pois seu amigo está impossibilitado de agir, pois utiliza cadeiras de rodas. É bem verdade que em certos momentos ficamos impacientes e inquietos pelas atitudes dos amigos idosos e a iminência de um possível colapso em Zev que sofre de demência. Mas não se enganem, pois, depois da quietude vem sempre uma cena que te deixará mais atento. Como Gosto de comparações, há situações que lembram "Amnésia", de Christopher Nolan, quando o personagem interpretado por Guy Pearce escrevia no braço para se guiar após uma crise de esquecimento.,

O filme desenrola como um road movie e a cada novo encontro cenas interessantes surgem, amparadas por um elenco complementar a altura. É bem verdade que algumas situações são forçadas e destoam de uma situação real, mas não tira o mérito, basta abrir a mente e seguir a linha da história. Bem, a história eu já dei uma pincelada e não seria prudente contar muita coisa, pois poderia estragar o fator surpresa. 

Memórias Secretas, pode pecar na falta de verossimilhança em alguns momentos, contudo, a reunião de dois grandes atores já leva quase o filme nas costas. Um filme que trata do Holocausto de forma diferente, por heróis improváveis e de complemento um final que não deixará você incólume, recomendo!

sábado, 20 de agosto de 2016

Achados do NETFLIX - Parte 2 - Imperdíveis


Certa vez um amigo cinéfilo me disse que tinha inveja de pessoas que ainda não tinham visto determinado grande filme, pois assim elas ainda teriam a oportunidade de ver pela primeira vez o que ele já sabia o que iria acontecer. Esta lista é para os mais jovens, ou quem sabe, aqueles mas velhos que passaram alguns anos congelados e deixaram passar por eles filmes que marcaram época, rs. Os filmes são mais populares, mas de repente tem um que você não viu ainda, e desta forma, já será proveitoso.



Clube da Luta

Clube da luta - momento relax
Não se enganem com o nome sugestivo, pois o tema principal não é violência ou lutas, mas sim, uma reflexão sobre valores. Atuações magistrais de Edward Norton e Brad Pitt fizeram desse filme um marco ou porque não dizer um Cult para ser visto e revisto. 
Jack (Edward Norton) é um executivo jovem, mora confortavelmente, mas está ficando cada vez mais insatisfeito com sua vida medíocre. Para piorar ele está enfrentando uma terrível crise de insônia, até que encontra uma cura inusitada para a sua falta de sono ao frequentar grupos de auto-ajuda. Nesses encontros ele passa a conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer (Helena Bonham Carter) e a conhecer estranhos como Tyler Durden (Brad Pitt). Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias. 


Os 12 macacos

Os 12 macacos - insanidade

Não se deixem enganar pelo começo confuso, pois este filme reserva grandes surpresas. Mais uma vez contando com Brad Pitt que aproveitou os anos 90´s para emplacar grandes sucessos.
No ano de 2035, James Cole (Bruce Willis) aceita a missão de voltar ao passado para tentar decifrar um mistério envolvendo um vírus mortal que atacou grande parte da população mundial. Tomado como louco, no passado, ele tenta provar a sua sanidade para a médica Kathryn Railly (Madeleine Stowe), sua única esperança de mudar o futuro.


As Duas Faces de um Crime

As duas faces de um crime - o jovem e o advogado


Filme que lançou Edward Norton, até então um jovem desconhecido. Sua interpretação lhe rendeu uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante, imperdível. 
Em Chicago, um arcebispo (Stanley Anderson) assassinado com 78 facadas. O crime choca a opinião pública e tudo indica que o assassino um jovem de 19 anos (Edward Norton). No entanto, um ex-promotor (Richard Gere) que se tornou um advogado bem-sucedido se propõe a defendê-lo, sem cobrar honorários, tendo um motivo para isto.


Seven - Os Sete Crimes Capitais


Seven - os sete pecados capitais - Brad Pitt preocupado

David Fincher (Clube da Luta, A Rede Social, Zodíaco,...) vai te deixar de joelhos, implorando pelo desfecho desta trama que tem um final surpreendente, ainda bem que assim o fez.
Dois policiais, om jovem e impetuoso David Mills (Brad Pitt) e o outro maduro e prestes a se aposentar, William Somerset (Morgan Freeman), são encarregados de uma perigosa investigação: encontrar um serial killer que mata as pessoas seguindo a ordem dos sete pecados capitais.



Beleza Americana
Beleza Americana - As aparências enganam

Interpretação magistral de Kevin Space, muito conhecido atualmente pela série House of Cards. Excepcional drama ganhador do Oscar em 2000, com direção impecável de Sam Mendes (Foi apenas um sonho, Estrada para a perdição e Soldado anônimo). Crítica ao modo de vida americano, permitindo reflexões profundas do espectador.
Lester Burham (Kevin Space) não aguenta mais o emprego e se sente impotente perante sua vida. Casado com Carolyn (Annette Bening) e pai de Jane (Tora Birch). Até que conhece Angela Hayes (Mena Suvari), amiga de Jane. 



Corpo fechado

Corpo fechado - Bruce Wills e Samuel L. Jackson frente a frente

Típico filme que ao final de sua sessão ele fica mais valioso ainda. M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido, A Vila, Sinais e Fim dos tempos) em grande fase faz este filmaço em 2000, que reserva surpresas de gelar a alma no fim.
Um espantoso desastre de trem choca os Estados Unidos. Todos os passageiros morrem, com exceção de David Dunne (Bruce Willis), que sai completamente ileso do acidente, para espanto dos médicos e de si mesmo. Buscando explicações sobre o ocorrido, ele encontra Elijah Price (Samuel L. Jackson), um estranho que apresenta uma explicação bizarra para o fato.



Fargo

Fargo - trama gélida

Direção afiada dos irmãos Coens (Onde os fracos não tem vez, O grande Lebowski e Gosto de Sangue). Violência e humor negro norteiam além de Frances McDormand (Oscar de melhor atriz) que faz uma das mais improváveis policiais que já vi, inteligente e perspicaz.
Em 1987 em Fargo, no Dakota do Norte, o gerente (William H. Macy) de uma revendedora de automóveis, ao se ver em uma delicada situação financeira, elabora o sequestro da própria esposa (Kristin Rudrud) e faz um acordo com dois marginais. Mas uma série de acontecimentos não previstos muda tudo e ainda conta com a investigação de uma chefe de polícia grávida (Frances McDormand).



O Senhor das Armas

O Senhor das Armas - mercado negro

Jaret Leto (o novo coringa de Esquadrão Suicida), junto com Nicolas Cage atua neste ótimo filme que retrata até onde a inescrupulosidade de uma pessoa pode chegar.
Yuri Orlov (Nicolas Cage) é um traficante de armas que realiza negócios nos mais variados locais do planeta. Estando constantemente em perigosas zonas de guerra, Yuri tenta sempre se manter um passo a frente de Jack Valentine (Ethan Hawke), um agente da Interpol, e também de seus concorrentes e até mesmo clientes, entre os quais estão alguns dos mais famosos ditadores do planeta.
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O Paciente Inglês

O paciente inglês - epopeia no deserto 

Filme grandioso e bonito, um clássico a moda antiga com ótimas histórias (sim, duas!), vencedor de inúmeros Oscars, inclusive de melhor filme.
No final da Segunda Guerra Mundial, um desconhecido (Ralph Fiennes) que teve queimaduras generalizadas quando seu avião foi abatido e é conhecido apenas como o paciente inglês acaba recebendo os cuidados de uma enfermeira canadense (Juliette Binoche). Gradativamente ele começa a narrar o grande envolvimento que teve com a mulher (Kristin Scott Thomas) do seu melhor amigo (Colin Firth) e de como este amor foi fortemente correspondido. 



Os outros

Os Outros - suspense de primeira

Na época este filme seguiu o embalo de O Sexto Sentido e não deixou nada a desejar, suspense intrigante.
Durante a 2ª Guerra Mundial, Grace (Nicole Kidman) decide por se mudar, juntamente com seus dois filhos, para uma mansão isolada na ilha de Jersey, a fim de esperar que seu marido retorne da guerra. Como seus filhos possuem uma estranha doença que os impedem de receber diretamente a luz do sol, a casa onde vivem está sempre em total escuridão. 




domingo, 31 de julho de 2016

Ex machina - Ficção científica muito acima da média

Ex Machina: Instinto artificial 

Vamos lá, mais uma ficção científica. Desculpem a repetição do gênero, mas não poderia deixar de indicar este filme diferenciado e um dos melhores de 2015. Diferente dos outros filmes que se auto intitulam ficção, e na verdade são filmes de ação recheados de efeitos, este atinge o gênero na sua essência, explorando os conceitos, as ideias e as possibilidades. 

Jovem talentoso programado de computadores é selecionado pelo CEO da sua empresa para passar uma semana com ele realizando testes com sua mais nova e confidencial invenção. O presidente da empresa Nathan (Oscar Issac) vive recluso em uma moderna casa no meio de uma floresta, Quando Caleb (Domhall Gleeson) chega, descobre que Nathan está envolvido em um grande experimento de IA(Inteligência Artificial) e deseja que ele realize o teste de Turing com sua máquina. O teste de Turing testa a capacidade de uma máquina exibir comportamento parecido ao de um ser humano. O teste é realizado em sessões de conversas entre Caleb e uma robô. Se a máquina conseguir convencer que seu comportamento é bastante similar ao de um ser humano, ou se este não conseguir perceber que está diante de uma máquina programada, diz-se que a máquina passou no teste e que ela possui um pensamento próprio. O fato de Nathan ser bilionário e ter usado os dados gravados de milhares de usuários da Internet para entender o comportamento humano, e usar este grande banco de dados de comportamento na criação da Inteligência Artificial, lembra o Google Mark Zuckerberg (Facebook ). Ava (Alicia Vikander) exprime tanta sensualidade e vivacidade a personagem que deixa a plateia imersa e participando junto no teste. O filme exige bastante atenção para não perder os detalhes e assim não se tornar um filme mais simples, pois não é. 

Em termos de fotografia é um assunto à parte: um deleite visual que parece um comercial da Apple, Mas, na minha opinião os diálogos surpreendentemente interessantes são a principal característica do filme. Os dois protagonistas são inteligentíssimos e discutem em meio as suas diferenças (Nathan faz o sujeito mais cool, gosta de malhar e beber, já Caleb tem o perfil mais inocente e nerd), assuntos que vão desde a sexualidade ser parte inerente do ser humano, e portanto, necessária para que um androide alcance tal nível de inteligência a questões científicas, literárias e morais.

Por todos esses aspectos, Ex Machina é um filme que não pode deixar de ser visto para quem gosta de sair da zona de conforto dos filmes comuns, pois prende a atenção e deixa margem para reflexão, até a próxima!
Blade Runner, clássico do gênero

Como de costume, gosto de relacionar os filmes comentados com outros que tratam de assuntos semelhantes. Neste caso fazendo um rápido apanhando pensei em Blade Runner e Ela. No primeiro, filme de Ridley Scoptt, baseado em livro de Philip K Dick, a ideia era tentar identificar um andróide disfarçado de homem comum. Já em Ela, Theodore (Joaquim Phonix) é um escritor solitário, que acaba de comprar um novo sistema operacional para seu computador. Mas, para sua surpresa, ele acaba se apaixonando pela voz deste programa. Esta história incomum explora a relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia.
Ela, tecnologia e solidão