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domingo, 21 de outubro de 2018

Sicário: Dia do Soldado - O medo está de volta


A palavra "Sicário" tem outra origem, mas no México ela significa Assassino de aluguel. Neste ótimo thriller estão de volta Josh Brolin e Benicio Del Toro, excelentes, mas agora sem a presença de Emily Blunt e do diretor Denis Villeneuve (Blade Runner 2049, A Chegada), na luta contra os carteis de drogas mexicanos. Apesar dessas ausências de peso o filme não perde a sua marca.

Del Toro cumprindo expediente
Percorrendo caminhos parecidos com o anterior, a história passa longe de ser repetitiva. Além de continuar o seu universo de forma coerente, há uma mudança de tema. A passagens de jihadistas pela fronteira entre México e EUA é o novo foco dos carteis mexicanos, que se infiltram entre imigrantes latino-americanos. Após um atentado em solo americano uma operação que envolve o sequestro da filha de um chefão mexicano entra em cena, mas tem muito mais coisa em jogo.

Tensão, é a palavra do filme e a dupla de protagonistas está impecável. Brolin é o pragmático agente da CIA Matt Graver que participa de operações secretas e pouco legas. Benício Del Toro encarna novamente o impiedoso Sicário, cuja família foi morta nessa guerra entre cartéis de drogas.


Reunião de trabalho

Um filme que vai direto ao ponto sem contornos e filtros. No final não trata somente da violência, mas do aprofundamento maior dos personagens que orquestram o ritmo. Não passa a mão na cabeça de ninguém e não dá chances para os fracos, vale a pena!



quinta-feira, 19 de julho de 2018

1945 - Feridas da guerra



O título já diz bastante, ano do final da segunda guerra, retorno dos que sobreviveram e encontro com os que ficaram. Numa pequena vila húngara a chegada repentina de dois judeus causa furor entre os habitantes. Carregando dois caixotes eles caminham silenciosos pelas ruas, onde os moradores se preparam para um casamento, sempre na vigilância de soldados soviéticos. Será que eles estariam ali para reivindicar esses bens? Vingança? No silêncio dos seus passos, nas suas faces cerradas, nada a revelar. 


Judeus de volta para casa - Segredos escondidos
O fio condutor da narrativa é o secretário da cidade que exerce uma função caricata de um machista, antissemita e cínico, exercendo poder na pequena comunidade. Ele é o pai do noivo e influente nas polícias e soldados, subornando todos a quem ele deseja alguma coisa.

Para fugir da temática comum de filmes da segunda guerra, o diretor húngaro Ferenc Török evita mostrar massacres, trens com judeus ou nazistas sádicos. Ele aborda um outro lado do antissemitismo redistribuindo as responsabilidades e culpas entre os que participaram desses massacres. Durante a ocupação nazista judeus foram levados, muitas vezes por denúncias dos próprios moradores que se apossaram de seus bens expropriados.

Reflexão de cada um

Não se trata de um grande filme, mas com sua simplicidade mostra um outro lado da guerra não explorado normalmente. Nos deixa refletindo sobre outros fatos da guerra, onde ficaram escondidos segredos e trapaças oportunistas daqueles que se omitiram em tamanha tragédia.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Jogador Nº 1 - Spielberg de volta


Confesso que após ver o trailer de "Jogador Nº 1", novo filme do diretor Steven Spielberg. não me animei tanto. Achei muito poluído visualmente, uma forçação de barra nas referências pop e um certo exagero na nostalgia, que não gosto. No final da sessão, porém, a impressão foi outra...

Adeus mundo real
  
É muito bom presenciarmos o retorno em grande estilo de Spielberg, que na verdade nunca parou, fez até recentemente "O Bom Amigo Gigante". Mas faltava aquela aventura agradável que traz de volta a fantasia e a emoção genuína que fizeram sua marca registrada em grandes sucessos infanto-juvenis que marcaram época, como: Indiana Jones, E.T., e outros. Várias referências pop de filmes e personagens diversos são mostradas, não encaixadas de qualquer forma, mas inseridas tão naturalmente que em certos momentos nem nos chama tanto a atenção. Além disso, o diretor mostra que está bem atualizado ao visitar o universo dos jogos e da sociedade online que existe atualmente.

O filme é baseado no livro homônimo que mostra um mundo distópico em 2045 onde quase todos passam o seu tempo no OASIS: jogo online de realidade virtual que serve de escapismo para um mundo sem empregos e decadente. Este universo virtual foi criado por James Halliday que deixou um desafio no jogo e como prêmio, além de muito dinheiro, o controle total do OASIS. Fã do criador, surge o jovem órfão Wade Watts (Tye Sheridan, de “X-Men: Apocalipse”), que como praticamente todos buscam o sonho de conquistar o OASIS. Com a ajuda de alguns amigos ele busca a solução para o grande quebra-cabeça idealizado por Halliday, numa tremenda caça ao tesouro.


Tye Sheridan e Olivia Cooker - dubla alinhada


Apesar de utilizar muitos efeitos visuais, principalmente quando os atores reais utilizam os seus avatares no jogo, isso não se torna problema, e a boa mescla de entre os dois mundos (real e virtual) dá ritmo ao filme. A duas horas e vinte minutos quase não são percebidas e até o final o roteiro se sustenta.


Por fim, Spielberg retorna com seu universo juvenil, numa combinação do novo com o nostálgico, do real com o virtual e um final simples e genial, uma grande receita para o sucesso nas telonas.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O Estado das Coisas - Um Ben Stiller diferente

Ben Stiller é um ator versátil e além de enveredar por outros papeis além das comédias, dirige e produz filmes bem interessantes Já faz algum tempo que acompanho alguns deles, como: "A Vida Secreta de Walter Mitty", "O Solteirão e Enquanto Somos Jovens". Com exceção de "A Vida Secreta de Walter Mitty" (excelente), os filmes são mais realistas, pois lidam com típicos problemas do dia-a-dia sem grandes floreios de forma que nos identificamos com os percalços dos protagonistas imediatamente. De certa forma acreditamos nos personagens e juntos a eles dividirmos os seus sentimentos. 

Nesta resenha vou falar do seu mais novo filme, "O Estado das Coisas".





Neste mundo que compartilhamos nossas vidas nas redes sociais e acompanhamos muitas outras também, a inveja e comparação podem vir juntas. Uma visão sutil, cômica e melancólica desta comparação e como isso se tornar uma armadilha nas nossa vidas é um dos tópicos abordados no longa. Um adulto de meia idade, Brad (Stiller), sai em companhia do filho para entrevistas em conceituadas universidades, seguindo um típico roteiro das famílias americanas. Brad vive uma crise existencial onde acha que perdeu o bonde da vida e é um fracassado, diferente dos seus antigos colegas de faculdade que se tornaram pessoas bem sucedidas. Seu filho, um brilhante aluno que na sua ingenuidade ainda não sabe exatamente onde sua vida irá e,  por enquanto, persegue o que gosta no momento. É neste diálogo por vezes curto entre pai e filho no confronto do novo com o velho,  experiências vividas e as que ainda estão por vir, que surgem as melhores questões e debates. A lamentação de Brad por sua vida "normal" e descontamento onde chegou é contínuo. E, enquanto ele vislumbra na vida dos outro uma melhor pode estar deixando de perceber ao seu redor. Parece clichê, mas o filme não segue o obvio onde tudo acaba maravilhosamente. Não é um filme maravilhoso, podemos até considerá-lo como simples, mas duvido que alguém não se sinta tocado, especialmente se for pai de um jovem.