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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A Música da Minha Vida


A música pode mudar a vida das pessoas, certo? E o que dizer de um jovem estudante paquistanês morador da Inglaterra nos anos 80´s que se identificou com as músicas de um dos cantores mais tradicionais dos Estados Unidos, ao ponto delas serem o fio condutor da sua vida? Esse é o cerne desse filme que mostra o que o poder das palavras (música) pode exercer em uma pessoa.





Vivendo na rigidez de uma família tradicional e convivendo com a xenofobia na sua cidade inglesa em tempos de recessão e falta de emprego, Javed (Viveik Kalra) enxerga nas músicas de Bruce Springsteen um significado maior para a vida e a inspiração para escrever seus poemas. É como se cada palavra das letras se encaixasse nas suas atitudes, sonhos e decepções. Tudo é retratado nesse contexto, incluindo a relação com os familiares, e os amigos de infância e da escola, incluindo aí a jovem ativista política Eliza (Nell Williams) e seus amigos Matt (Dean-Charles Chapman) e Bruce (Aaron Phagur).

Seguindo o embalo dos filmes com referências musicais (Yesterday, Rocketman e Boemia Rhapsody) A Música da Minha Vida se envolve de boa música e carisma para tratar de temas negativos, como, preconceito e desemprego. E tudo isso baseado em uma história verídica o que nos deixa confortáveis em saber que essas coisas realmente podem acontecer. 



Uma história leve e inspiradora, que em certos momentos pode parecer sonhadora demais, mas não é. O que seria da vida sem sonhos e ambições, e justamente para os jovens. Assistir a esse filme é como se deixasse um pouco de lado a rigidez da vida e simplesmente curtir o momento e se deixar levar, enjoy!


domingo, 21 de julho de 2019

Green Book - O Guia - Racismo e amizade na tela



Green Book - O Guia

Na década de 60 nos EUA, Victor Hugo Green criou o chamado Green Book (Livro Verde), que trazia uma lista de restaurantes e hotéis que aceitavam afro-americanos. Em alguns filmes a descrição "Baseado e fator reais" no deixa mais confortáveis diante de situações que parecem absurdas. A improvável amizade do músico Mahershala Ali e do italiano brucutu, interpretado com maestria por Vingon Mortesen e um desses casos.

na estrada

Em um período de grande segregação racial nos EUA, especialmente no sul, um renomado músico fará uma turnê pelo sul do país passando por regiões hostis para negros. Para ajudá-lo, ele recruta um motorista para ser seu guia. Mas não somente um guia, mas também uma pessoa capaz de resolver problemas extras.


Don Shirley (Mahershala Ali) vive um personagem contido, um negro que precisa se provar para o mundo e para ele mesmo, que apesar de todo o seu talento sofre preconceito em todos os lugares. Vallelonga (Vingon Mortesen) um homem de família que tem seus próprios métodos para resolver os problemas.


Amizade improvável
Apesar da mensagem do preconceito que os negros sofreram - e sofrem - o filme faz uma mesclagem de  momentos tensos e hilários, e de forma fluida faz com que o longa transite entre o drama e a comédia. Durante a viagem os personagens são forçados a deixar de lado as diferenças para sobreviver e prosperar na jornada de sua vida, e aí se transformando em pessoas cujo preconceitos vão sendo quebrados aos poucos. Sensível, perspicaz, dramático e repleto de tiradas irônicas e hilárias é um ótimo filme e merecidamente recebeu algumas indicações ao oscar de 2019.


domingo, 21 de outubro de 2018

Sicário: Dia do Soldado - O medo está de volta


A palavra "Sicário" tem outra origem, mas no México ela significa Assassino de aluguel. Neste ótimo thriller estão de volta Josh Brolin e Benicio Del Toro, excelentes, mas agora sem a presença de Emily Blunt e do diretor Denis Villeneuve (Blade Runner 2049, A Chegada), na luta contra os carteis de drogas mexicanos. Apesar dessas ausências de peso o filme não perde a sua marca.

Del Toro cumprindo expediente
Percorrendo caminhos parecidos com o anterior, a história passa longe de ser repetitiva. Além de continuar o seu universo de forma coerente, há uma mudança de tema. A passagens de jihadistas pela fronteira entre México e EUA é o novo foco dos carteis mexicanos, que se infiltram entre imigrantes latino-americanos. Após um atentado em solo americano uma operação que envolve o sequestro da filha de um chefão mexicano entra em cena, mas tem muito mais coisa em jogo.

Tensão, é a palavra do filme e a dupla de protagonistas está impecável. Brolin é o pragmático agente da CIA Matt Graver que participa de operações secretas e pouco legas. Benício Del Toro encarna novamente o impiedoso Sicário, cuja família foi morta nessa guerra entre cartéis de drogas.


Reunião de trabalho

Um filme que vai direto ao ponto sem contornos e filtros. No final não trata somente da violência, mas do aprofundamento maior dos personagens que orquestram o ritmo. Não passa a mão na cabeça de ninguém e não dá chances para os fracos, vale a pena!



quinta-feira, 19 de julho de 2018

1945 - Feridas da guerra



O título já diz bastante, ano do final da segunda guerra, retorno dos que sobreviveram e encontro com os que ficaram. Numa pequena vila húngara a chegada repentina de dois judeus causa furor entre os habitantes. Carregando dois caixotes eles caminham silenciosos pelas ruas, onde os moradores se preparam para um casamento, sempre na vigilância de soldados soviéticos. Será que eles estariam ali para reivindicar esses bens? Vingança? No silêncio dos seus passos, nas suas faces cerradas, nada a revelar. 


Judeus de volta para casa - Segredos escondidos
O fio condutor da narrativa é o secretário da cidade que exerce uma função caricata de um machista, antissemita e cínico, exercendo poder na pequena comunidade. Ele é o pai do noivo e influente nas polícias e soldados, subornando todos a quem ele deseja alguma coisa.

Para fugir da temática comum de filmes da segunda guerra, o diretor húngaro Ferenc Török evita mostrar massacres, trens com judeus ou nazistas sádicos. Ele aborda um outro lado do antissemitismo redistribuindo as responsabilidades e culpas entre os que participaram desses massacres. Durante a ocupação nazista judeus foram levados, muitas vezes por denúncias dos próprios moradores que se apossaram de seus bens expropriados.

Reflexão de cada um

Não se trata de um grande filme, mas com sua simplicidade mostra um outro lado da guerra não explorado normalmente. Nos deixa refletindo sobre outros fatos da guerra, onde ficaram escondidos segredos e trapaças oportunistas daqueles que se omitiram em tamanha tragédia.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Jogador Nº 1 - Spielberg de volta


Confesso que após ver o trailer de "Jogador Nº 1", novo filme do diretor Steven Spielberg. não me animei tanto. Achei muito poluído visualmente, uma forçação de barra nas referências pop e um certo exagero na nostalgia, que não gosto. No final da sessão, porém, a impressão foi outra...

Adeus mundo real
  
É muito bom presenciarmos o retorno em grande estilo de Spielberg, que na verdade nunca parou, fez até recentemente "O Bom Amigo Gigante". Mas faltava aquela aventura agradável que traz de volta a fantasia e a emoção genuína que fizeram sua marca registrada em grandes sucessos infanto-juvenis que marcaram época, como: Indiana Jones, E.T., e outros. Várias referências pop de filmes e personagens diversos são mostradas, não encaixadas de qualquer forma, mas inseridas tão naturalmente que em certos momentos nem nos chama tanto a atenção. Além disso, o diretor mostra que está bem atualizado ao visitar o universo dos jogos e da sociedade online que existe atualmente.

O filme é baseado no livro homônimo que mostra um mundo distópico em 2045 onde quase todos passam o seu tempo no OASIS: jogo online de realidade virtual que serve de escapismo para um mundo sem empregos e decadente. Este universo virtual foi criado por James Halliday que deixou um desafio no jogo e como prêmio, além de muito dinheiro, o controle total do OASIS. Fã do criador, surge o jovem órfão Wade Watts (Tye Sheridan, de “X-Men: Apocalipse”), que como praticamente todos buscam o sonho de conquistar o OASIS. Com a ajuda de alguns amigos ele busca a solução para o grande quebra-cabeça idealizado por Halliday, numa tremenda caça ao tesouro.


Tye Sheridan e Olivia Cooker - dubla alinhada


Apesar de utilizar muitos efeitos visuais, principalmente quando os atores reais utilizam os seus avatares no jogo, isso não se torna problema, e a boa mescla de entre os dois mundos (real e virtual) dá ritmo ao filme. A duas horas e vinte minutos quase não são percebidas e até o final o roteiro se sustenta.


Por fim, Spielberg retorna com seu universo juvenil, numa combinação do novo com o nostálgico, do real com o virtual e um final simples e genial, uma grande receita para o sucesso nas telonas.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O Estado das Coisas - Um Ben Stiller diferente

Ben Stiller é um ator versátil e além de enveredar por outros papeis além das comédias, dirige e produz filmes bem interessantes Já faz algum tempo que acompanho alguns deles, como: "A Vida Secreta de Walter Mitty", "O Solteirão e Enquanto Somos Jovens". Com exceção de "A Vida Secreta de Walter Mitty" (excelente), os filmes são mais realistas, pois lidam com típicos problemas do dia-a-dia sem grandes floreios de forma que nos identificamos com os percalços dos protagonistas imediatamente. De certa forma acreditamos nos personagens e juntos a eles dividirmos os seus sentimentos. 

Nesta resenha vou falar do seu mais novo filme, "O Estado das Coisas".





Neste mundo que compartilhamos nossas vidas nas redes sociais e acompanhamos muitas outras também, a inveja e comparação podem vir juntas. Uma visão sutil, cômica e melancólica desta comparação e como isso se tornar uma armadilha nas nossa vidas é um dos tópicos abordados no longa. Um adulto de meia idade, Brad (Stiller), sai em companhia do filho para entrevistas em conceituadas universidades, seguindo um típico roteiro das famílias americanas. Brad vive uma crise existencial onde acha que perdeu o bonde da vida e é um fracassado, diferente dos seus antigos colegas de faculdade que se tornaram pessoas bem sucedidas. Seu filho, um brilhante aluno que na sua ingenuidade ainda não sabe exatamente onde sua vida irá e,  por enquanto, persegue o que gosta no momento. É neste diálogo por vezes curto entre pai e filho no confronto do novo com o velho,  experiências vividas e as que ainda estão por vir, que surgem as melhores questões e debates. A lamentação de Brad por sua vida "normal" e descontamento onde chegou é contínuo. E, enquanto ele vislumbra na vida dos outro uma melhor pode estar deixando de perceber ao seu redor. Parece clichê, mas o filme não segue o obvio onde tudo acaba maravilhosamente. Não é um filme maravilhoso, podemos até considerá-lo como simples, mas duvido que alguém não se sinta tocado, especialmente se for pai de um jovem.





quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Blade Runner 2049 - Arte para apreciar


Logo após sair da sessão de Blade Runner 2049, sequência do Cult Movie de 1982, falei pra minha esposa. - O preço das entradas deveriam ser diferenciados para alguns filmes. Este é um caso de uma brincadeira com um fundo de verdade, pois assistimos tanta coisa feita a toque de caixa e você se depara com um filme tão bem concebido como este, vamos lá.

Ryan Gosling curtindo o visual
Mais uma vez o jovem diretor canadense Denis Villeneve vem colocando os seus filmes no hall da fama. Depois do seu último, "A Chegada", ele nos surpreende com esse novo triunfo. Cada detalhe, fotografia, música, interpretação, os objetos em cena, tudo é encaixado perfeitamente, nada é por acaso. Realmente de uma qualidade excepcional. Falar muito sobre a trama é estragar a experiência. 

experiências de neon
A trama segue a sequência do original 35 anos depois, quando a Tyrell Corporation, que criava os androides, foi comprada por Niander Wallace (Jared Leto), que está melhorando suas criações para assumir os trabalhos humanos e por outro lado, os antigos modelos são caçados pelos Blade Runners. K (Ryan Gosling) é o Blade Runner, apresentado logo no início, como o próprio Deckard (Harrison Ford), na primeira versão. 

K, é um ser apático, conformado com sua condição de servo a serviço da polícia. Sua vida e restrita a sua difícil interação no trabalho e seu relacionamento com Joi (Ana de Armas) - uma das melhores sacadas do filme. E assim ele segue buscando respostas naquele mesmo cenário que as previsões nem sempre acertam, de um futuro decadente, com carros voadores, uma chuva constante, prédios imensos e painéis de neon.

em busca de respostas

A relação entre os humanos e replicantes está dividida por um muro que revela preconceito e escravidão. A forma de agir destas duas espécies são confrontadas e cabe a cada um eleger o correto. Um filme envolto de questões filosóficas acerca da alma, da vida, questões ambientais e sociais, individualidade e amor.

Um filme que referencia o original, mas que não deixa de seguir seus próprios passos e trilhar o seu caminho para o futuro. Blade Runner 2049 nos mostra uma nova sociedade, segregada e preconceituosa, com seres humanos de alma e androides cada vez mais evoluídos. Mas como diria a famosa frase da franquia: "Androides mais humanos que humanos".