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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Achados do NETFLIX - Parte 3 - Estrangeiros


Que tal sair da zona de conforto dos filmes americanos e abrir a mente para novas culturas cinematográficas? Segue uma lista de filmes não-americanos que são grandes surpresas. Tem um para cada país, inclusive inclui o Brasil, com um filme que também foge do comum do que vemos nos cinemas.



A Onda (Alemanha)



Em uma escola da Alemanha o professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre autocracia. Aí então ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um governo fascista dentro da sala de aula, que os alunos dão nome de "A Onda". Mas, o que ele não esperava é que a situação saísse do controle, pois o movimento extrapola a sala de aula e envolve de forma intensa os alunos. Muito interessante este filme que se baseia em um caso real ocorrido em uma escola estadunidense. O experimento de como uma manipulação em massa pode ocorre guiada por um ditador, pode ser traumatizante e sucumbir nas piores consequências.

A Pele que Habito (Espanha)



Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico obcecado por criar uma pele artificial perfeita após a morte trágica de sua esposa por queimaduras decorridas de um acidente. Ele vive com a filha Norma (Bianca Suárez), que possui problemas psicológicos causados por este trauma familiar. O diretor Pedro Almodovar imprime um clima de mistério e tensão neste thriller com cara de Hitchcock e é capaz de mostrar um quão drástico e bizarro pode ser uma vingança. Não tem como esquecer a resolução desta trama que não sairá da cabeça do espectador tão cedo.

Amores brutos (México)


Em plena Cidade do México, um terrível acidente automobilístico ocorre. A partir deste momento, três pessoas envolvidas no acidente se encontram e têm suas vidas mudadas para sempre. Um deles é o adolescente Octavio (Gael García Bernal), que decidiu fugir com a mulher de seu irmão, Susana (Vanessa Bauche). Ao mesmo tempo, Daniel (Álvaro Guerrero) resolve abandonar sua esposa e filhas para ir viver com Valeria (Goya Toledo), uma bela modelo por quem está apaixonado. Também se envolve no acidente Chivo (Emilio Echevarría), um ex-guerrilheiro comunista que agora atua como matador de aluguel, após passar vários anos preso. Neste excelente filme, temos o astro mexicano Gael Garcia ainda em início de carreira e abrindo suas portas para o cinema mundial. Quem chamou a atenção também foi o diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu (Babel, O Regresso, Birdman e 21 Gramas) que depois deste filme começou uma profícua carreira em Hollywood. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Apenas uma vez (Irlanda)


Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (Markéta Inglová), que tenta ainda se encontrar na cidade. Logo eles se aproximam e, ao reconhecer o talento um do outro, começam a ajudar-se mutuamente para que seus sonhos se tornem realidade. Um filme singelo e sincero delicioso de assistir, que tem ponto alto em suas canções. Não tem como não se sensibilizar com a relação madura e simples dos protagonistas, mostrando que não precisamos de tanto para realizar prazerosos filmes. Uma ótima descoberta!


Intocáveis (França)


Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos a amizade entre eles se estabelece, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro. Talvez seja pelos estereótipos dos personagens ou pelo contexto que poderia ser apelativo. Mas, o tom humanizado dos personagens que se mantém politicamente incorretos do início ao fim e as deficiências de cada um (social em um caso, física no outro) servem para torná-los semelhantes e complementares. Sucesso na França e no resto do mundo este filme divide opiniões de telespectadores por conter um humor ríspido, mas merece ser visto, com certeza.


Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Inglaterra)



Eddy (Nick Moran) é famoso por sua habilidade nas cartas desde criança. Ele e seus três amigos, Soap (Dexter Fletcher), Tom (Jason Flemyng) e Bacon (Jason Statham), resolvem colocar cada um a quantia de 25 mil libras para que Eddy possa participar de uma partida de cartas ilegal, organizada por Hatched Harry (P.H. Moriarty). Só que Eddy, além de não se sair bem na partida, termina devendo 500 mil libras para Harry. Caso não pague a quantia em uma semana, ele perderá os dedos da mão, um a um. Na época apenas um estreante, o diretor (Guy Ritchie) do também ótimo "Snatch - Porcos e Diamantes", contando com um ótimo roteiro e direção imprime ação e comédia em ritmo frenético sem pausa. Segue um pouco dos polêmicos e bem-sucedidos, Transporting (Danny Boyle) e Pulp Fiction e Cães de Aluguel, ambos de Quentin Tarantino. Não perca tempo, veja!


Old Boy (Corea do Sul)


Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, que de repente se vê em uma prisão sem motivo aparente onde passa 15 anos. Desorientado e sedento de vingança ele luta para descobrir a razão pela qual foi preso, e a pratir daí surge uma caçada ao seu algoz. O filme começa de forma despretensiosa e até alguns momentos soa confuso, mas não desista, pois, a medida que o tempo passa as peças vão se encaixando e aí começamos a entender o porquê de todo o martírio pelo qual Dae-Sun teve que passar.


Paraísos Artificiais (Brasil)


Erika (Nathalia Dill) é uma DJ de relativo sucesso e muito amiga de Lara (Lívia de Bueno). Juntas, durante um festival de música onde Erika trabalhava, elas conheceram Nando (Luca Bianchi) e, juntos, vivem um momento intenso.  A trama é entrelaçada e circula por diversas locações e tempo. Uma história de amor ligada pelo envolvimento de jovens de classe média com entorpecentes, uma infeliz realidade nos dias de hoje. Uma ótima descoberta do cinema nacional, que persiste muito nas comédias para atrair o público aos cinemas, inclusive com inúmeras sequencias. Gosto e sou a favor de quase todos os tipos de filmes, mas sair da mesmice e contar uma ficção diferente já é uma grande conquista.



A Caça (Dinamarca)



Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche. Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia ele é acusado de molestar uma criança de apenas cinco anos. A acusação logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive. Apesar do tema forte o filme não mostra em nenhum momento cenas que possam deixar o espectador chocado. Entra em cena, um clima de tensão crescente e um iminente desfecho trágico em uma pequena comunidade que até um tempo atrás vivia numa imensidão de tranquilidade. Por mais que por um lado seja revoltante, por outro é perfeitamente compreensível. A consagração de um diretor (Thomas Viterberg) que iniciou no movimento Dogma com Festa de Família. Um filmaço!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Decisão de Risco x Máxima precisão - Filmes parecidos

Não é de hoje que nos deparamos com filmes bem similares, vide Impacto Profundo x Armageddon, Planeta Vermelho x Missão: Marte, Ed tv x O show de Truman e O inferno de Dante x Volcano: a fúria, dentre outros . Geralmente surgem em um ínterim curto. As últimas clonagens que assistir foram "Decisão de Risco" e "Máxima precisão", filmes de 2016 e 2015, respectivamente. Em "Decisão de Risco" Helen Mirren é a Coronel Powell que comanda uma operação, através de drones, para capturar dois britânicos que integram uma célula do grupo terrorista Somália, Al-Shabaab, existente naquele país da África Oriental. A operação envolve pessoas distantes geograficamente, como o piloto Watts (Aaron Paul) em um contêiner em Las Vegas, o general Frank Berson (Alan Rickman) que está em um escritório em Londres, além de Power que está em uma espécie de Bunker militar. Como se não bastasse o seu alvo está a milhares de quilômetros, na Somália. Mas, do decorrer da missão, surge uma decisão a ser tomada durante o ataque que envolve um possível risco de atingir civis. Diplomacia, emoção e razão são confrontadas gerando um suspense que corre até o final do filme.




Decisão de Risco - Helen Mirrem com autoridade

O segundo, "Máxima precisão", um drama eficiente estrelado por Ethan Hawke. Neste o major Tommy (Hawke) é um oficial da Força Aérea americana encarregado de dirigir ataques aéreos na guerra do Afeganistão. Tommy, que se sente frustrado em não pilotar mais aviões, tem que se contentar em ficar em uma sala controlando drones remotamente sem questionar ordens. Apesar de exercer uma profissão tensa que lida com vidas, o ex piloto tenta levar uma vida normal com sua esposa e filhos, após cumprir seu expediente. Mas, quando ele começa a entrar em conflito interno por causa das suas ações oriundas de decisões duvidosas, a sua vida familiar começa a desmoronar.

Máxima Precisão - Guerra em escritório

Gostei de todos os dois filmes e eles igualmente levantam questões polêmicas e morais sobre como a guerra é conduzida nos dias hoje. Uma guerra diferente onde as ações partem de pequenas salas climatizadas bem longe dos seus alvos. Ao invés de pilotos altamente treinados, entram em cena profissionais com bem menos experiência que através de joystick controlam seus "aviõezinhos", como se fosse um vídeo game. Mas aí é que entra o debate, pois daquelas ações frias executadas com simples movimentos vidas são dilaceradas como um alvo qualquer. Num ambiente altamente vigiados as ações são transmitidas ao vivo em telas grandes de alta definição. Em um momento de suplício querendo voltar para a ação pilotando um avião de verdade, Tommy diz ao seu superior que o maior risco que ele corre é poder ter uma lesão na mão por repetição de movimento ou sofrer um acidente automobilístico na autoestrada que o leva a seu trabalho.

É notório que cada vez mais os países desenvolvidos evitam mandar tropas para ações terrestres ou aéreas em áreas de conflitos, e se utilizam da tecnologia para se esquivar dos riscos. Além disso, tem o clamor da população que já não aguentava mais receber caixões com jovens soldados retornando, como o que aconteceu com os soldados americanos no Iraque e Afeganistão. Não se trata de ficção, é a realidade atual, e retratada em bons filmes que levantam a polêmica, mas, no final, quem decide de que lado quer ficar é o próprio espectador, bom filme!