O título já diz bastante, ano do final da
segunda guerra, retorno dos que sobreviveram e encontro com os que ficaram.
Numa pequena vila húngara a chegada repentina de dois judeus causa furor entre
os habitantes. Carregando dois caixotes eles caminham silenciosos pelas ruas,
onde os moradores se preparam para um casamento, sempre na vigilância de
soldados soviéticos. Será que eles estariam ali para reivindicar esses bens?
Vingança? No silêncio dos seus passos, nas suas faces cerradas, nada a
revelar.
O fio condutor da narrativa é o
secretário da cidade que exerce uma função caricata de um machista, antissemita
e cínico, exercendo poder na pequena comunidade. Ele é o pai do noivo e
influente nas polícias e soldados, subornando todos a quem ele deseja alguma
coisa.
Para fugir da temática comum de
filmes da segunda guerra, o diretor húngaro Ferenc Török evita mostrar
massacres, trens com judeus ou nazistas sádicos. Ele aborda um outro lado do antissemitismo
redistribuindo as responsabilidades e culpas entre os que participaram desses
massacres. Durante a ocupação nazista judeus foram levados, muitas vezes por
denúncias dos próprios moradores que se apossaram de seus bens expropriados.
Não se trata de um grande
filme, mas com sua simplicidade mostra um outro lado da guerra não explorado
normalmente. Nos deixa refletindo sobre outros fatos da guerra, onde ficaram
escondidos segredos e trapaças oportunistas daqueles que se omitiram em tamanha
tragédia.