Que tal sair da zona de conforto dos filmes americanos e abrir a mente para novas culturas cinematográficas? Segue uma lista de filmes não-americanos que são grandes surpresas. Tem um para cada país, inclusive inclui o Brasil, com um filme que também foge do comum do que vemos nos cinemas.
A Onda (Alemanha)
Em uma escola da Alemanha o
professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é colocado para dar aulas sobre
autocracia. Aí então ele decide, para exemplificar melhor aos alunos, formar um
governo fascista dentro da sala de aula, que os alunos dão nome de "A Onda".
Mas, o que ele não esperava é que a situação saísse do controle, pois o movimento
extrapola a sala de aula e envolve de forma intensa os alunos. Muito
interessante este filme que se baseia em um caso real ocorrido em uma escola
estadunidense. O experimento de como uma manipulação em massa pode ocorre
guiada por um ditador, pode ser traumatizante e sucumbir nas piores consequências.
Roberto Ledgard (Antonio
Banderas) é um conceituado cirurgião plástico obcecado por criar uma pele
artificial perfeita após a morte trágica de sua esposa por queimaduras
decorridas de um acidente. Ele vive com a filha Norma (Bianca Suárez), que
possui problemas psicológicos causados por este trauma familiar. O diretor
Pedro Almodovar imprime um clima de mistério e tensão neste thriller com cara
de Hitchcock e é capaz de mostrar um quão drástico e bizarro pode ser uma
vingança. Não tem como esquecer a resolução desta trama que não sairá da cabeça
do espectador tão cedo.
Amores brutos (México)
Em plena Cidade do México, um terrível acidente automobilístico ocorre. A partir deste momento, três pessoas envolvidas no acidente se encontram e têm suas vidas mudadas para sempre. Um deles é o adolescente Octavio (Gael García Bernal), que decidiu fugir com a mulher de seu irmão, Susana (Vanessa Bauche). Ao mesmo tempo, Daniel (Álvaro Guerrero) resolve abandonar sua esposa e filhas para ir viver com Valeria (Goya Toledo), uma bela modelo por quem está apaixonado. Também se envolve no acidente Chivo (Emilio Echevarría), um ex-guerrilheiro comunista que agora atua como matador de aluguel, após passar vários anos preso. Neste excelente filme, temos o astro mexicano Gael Garcia ainda em início de carreira e abrindo suas portas para o cinema mundial. Quem chamou a atenção também foi o diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu (Babel, O Regresso, Birdman e 21 Gramas) que depois deste filme começou uma profícua carreira em Hollywood. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Apenas uma vez (Irlanda)
Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (Markéta Inglová), que tenta ainda se encontrar na cidade. Logo eles se aproximam e, ao reconhecer o talento um do outro, começam a ajudar-se mutuamente para que seus sonhos se tornem realidade. Um filme singelo e sincero delicioso de assistir, que tem ponto alto em suas canções. Não tem como não se sensibilizar com a relação madura e simples dos protagonistas, mostrando que não precisamos de tanto para realizar prazerosos filmes. Uma ótima descoberta!
Intocáveis (França)
Philippe (François Cluzet) é
um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico.
Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem
problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu
estado. Aos poucos a amizade entre eles se estabelece, com cada um
conhecendo melhor o mundo do outro. Talvez seja pelos estereótipos dos
personagens ou pelo contexto que poderia ser apelativo. Mas, o tom humanizado
dos personagens que se mantém politicamente incorretos do início ao fim e
as deficiências de cada um (social em um caso, física no outro) servem para
torná-los semelhantes e complementares. Sucesso na França e no resto do
mundo este filme divide opiniões de telespectadores por conter um humor ríspido, mas merece ser visto, com
certeza.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Inglaterra)
Eddy (Nick Moran) é famoso por
sua habilidade nas cartas desde criança. Ele e seus três amigos, Soap (Dexter
Fletcher), Tom (Jason Flemyng) e Bacon (Jason Statham), resolvem colocar cada
um a quantia de 25 mil libras para que Eddy possa participar de uma partida de
cartas ilegal, organizada por Hatched Harry (P.H. Moriarty). Só que Eddy, além
de não se sair bem na partida, termina devendo 500 mil libras para Harry. Caso
não pague a quantia em uma semana, ele perderá os dedos da mão, um a um. Na
época apenas um estreante, o diretor (Guy Ritchie) do também ótimo "Snatch
- Porcos e Diamantes", contando com um ótimo roteiro e direção imprime ação
e comédia em ritmo frenético sem pausa. Segue um pouco dos polêmicos e
bem-sucedidos, Transporting (Danny Boyle) e Pulp Fiction e Cães de Aluguel,
ambos de Quentin Tarantino. Não perca tempo, veja!
Old Boy (Corea do Sul)
Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um
homem comum, que de repente se vê em uma prisão sem motivo aparente onde passa
15 anos. Desorientado e sedento de vingança ele luta para descobrir a razão
pela qual foi preso, e a pratir daí surge uma caçada ao seu algoz. O filme começa de forma despretensiosa e até alguns momentos soa
confuso, mas não desista, pois, a medida que o tempo passa as peças vão se
encaixando e aí começamos a entender o porquê de todo o martírio pelo qual
Dae-Sun teve que passar.
Paraísos Artificiais (Brasil)
Erika (Nathalia Dill) é uma DJ
de relativo sucesso e muito amiga de Lara (Lívia de Bueno). Juntas, durante um
festival de música onde Erika trabalhava, elas conheceram Nando (Luca Bianchi)
e, juntos, vivem um momento intenso. A trama é entrelaçada e circula por
diversas locações e tempo. Uma história de amor ligada pelo envolvimento de
jovens de classe média com entorpecentes, uma infeliz realidade nos dias de
hoje. Uma ótima descoberta do cinema nacional, que persiste muito nas comédias
para atrair o público aos cinemas, inclusive com inúmeras sequencias. Gosto e
sou a favor de quase todos os tipos de filmes, mas sair da mesmice e contar uma
ficção diferente já é uma grande conquista.
A Caça (Dinamarca)
Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche.
Simpático e amigo de todos, ele tenta reconstruir a vida após um divórcio
complicado, no qual perdeu a guarda do filho. Tudo corre bem até que, um dia
ele é acusado de molestar uma criança de apenas cinco anos. A acusação
logo faz com que ele seja afastado do trabalho e, mesmo sem que haja algum tipo
de comprovação, seja perseguido pelos habitantes da cidade em que vive. Apesar
do tema forte o filme não mostra em nenhum momento cenas que possam deixar o
espectador chocado. Entra em cena, um clima de tensão crescente e um iminente
desfecho trágico em uma pequena comunidade que até um tempo atrás vivia numa
imensidão de tranquilidade. Por mais que por um lado seja revoltante, por
outro é perfeitamente compreensível. A consagração de um diretor (Thomas
Viterberg) que iniciou no movimento Dogma com Festa de Família. Um filmaço!
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